a cada
passo
respiro
te trago
por dentro
aberto
concreto policéfalo dentro de mim (deixo
que a cidade toda exista aqui
) ruas
sem saída toda a largura de uma avenida
íntima
que eu ainda te espero nessa esquina de dentro
trés-pedi, mon amour!
ou os amigotaurus compatriotas da ladeira cadente
solidão labiríntica
enfileirados e dobrados aberto aos cruzamentos
de um café
tudo aqui dentro -
a losna que são os teus olhos
que então rondam almofadas
minha cidade que me habita
perpétua branca e sangra
outono que carece de aparência
as raposas cheiram seu sovaco -
sempre tens escrito um haicai ali.
salvo a garoa de São Paulo
que um dia, agorinha talvez
se derrame como saliva sobre o tempero de concreto armado
que derruba montanhas inteiras dentro do coração de um parnaso
que grasna
como um passarinho ferido nas asas pelo estilingue das monções
nada mais dura
dura enquanto durar
deixo de viver nela, a cidade que desmorona
ruínas na subepiderme
mas meu coração é feito de avenidas largas
transversais de saturno e tetas de fenda
de quando abrir a gaveta e visitar esta minha cidade
dos prédios vermelhos de cigarros e Tokyo
constelar
dividida entre o vidro e o verde
brecada e recoberta de pula-joças
espero irrepreensível
lantejoulas no meio fio de augusto susto
no mês de antes
setembro marcado
verás um rosto que não tem mais nome de rua
Iquiririm, cães latinos,
métrica lunar.
Dentro da gente
São Paulo é irreconhecível agora
salvo a garoa