4.12.14

de Afrodites

afrodite é autodidata do amor e pratica da lavanderia uma pirofagia que dá pra acender de baixo da pia de uma sina lavadera-quem-me-dera um litro de guerra e de guelra mergulhada em querosene quero-Zênite e Querô a marca do lar na cara de quem me queira quem me dera uma língua de chama de quem me chama do alto do Olimpo que eu limpo quem lava costura cozinha? mas não passa não passa não passa essa corzinha de gente que lava que passa e cozinha mulher de amor afrodite que de dia passa e de noite fadiga e de dentro encolhe quando a vida atrofia um pouco de lustro que seja almeja e espera no centro oculto da esfera que esfrega e passa como uma fera que lava de fogo dentro e fora da atmosfera denegrida de grinalda e fralda de pano pra lavar a boca suja da cândida alvura sanitarista das noites brancas diarista dentro da lotação dormindo sonhos abrigando gentes atravessando pontes assumindo dívidas dividindo quartos com terços e quintas feiras fazendo correr carrinhos cheios de frutas furta-cor pra dentro da casa que cozinha pra fora de dentro pra fora afrodite cospe lavaredas de fogo-açúcar no pote cor negra de amor-em-conserva