14.3.11

de Paris

café frio pra que nem cabem na cabeça de ninguém
conversas de arrancar fora as horas e os versos do chapéu
uma tragédia que se derrama no pão depois de trigo
ninguém mais lembrará da foice das guilhotinas
dos silêncios; bárbaros como só compete a nós
sermos; fome que conhece a nós seres de uma estratosfera mínima
enxugada da memória e repousada no tempo.
(tudo isso me lembra a Paris que não conheço)
cachorros borrachos deprimem a paisagem de setembro; e o que falamos no jardim
esta manhã, será necessário fingir que não,

recostados para a Avenida do Mal-Estar na Civilização, como tíquetes
de um espetáculo já assistido - Orfeu e Annabele -
devemos nos esquecer também num passeio urbano, deixar-se findar
num cimento castanho-escuro: legado de teus pés;
tudo isso porque não pudemos ser esquecidos pelo esquecimento
um pelo outro e pelo tempo que ainda temos...