13.5.11

de Céu memorável

houve um céu memorável
numa esquina rica em detalhes
cujos enfeites viravam defeitos

apóstolos ajoelhados
jogavam e apostavam
tudo o que não tinham
uvas, maçãs e manjedouras...

no cal a pele maciava estranhas figuras


Na estante uma cabeça de górgona tagarelando comigo. Finjo que não sei ou que não escuto. Sou Perseu aposentado de pernas pro ar. "Pégasus, cadê o osso? Pega! vai. Pega!" Os vizinhos reclamam do barulho. Do lado de fora milhares de batons fincados pelas frestas da janela, baleias sangrando no oceano, e os edifícios sombreando o sono dos desabrigados. Qualquer dia haverá um motivo pra se lamentar disso tudo. Não hoje. Não agora. Ainda há garrafas de cerveja na geladeira, e por enquanto isso basta. Prostitutas delivery. Tv a cabo. Código genético. Luta de classes. 



lá longe
          no oriente      por enquanto        exalam
                                                              o exílio      essencial
                                                                                    de      cada      palavra