19.10.12

de Cartaratas de amor

Dus qui si dexaram poco si soube... apenas disseram adeus e nada além do amor deles significou pra mais ninguém. Um dia um homem eficiente leu sobre o romance que eles ousaram inventar no tempo que lhes foi dado pra isso, mas não entendeu nada e foi comer sardinhas num show aquático... ele havia se consultado com um doutor que além de médico era colecionador de selos, e apesar do diagnóstico, ainda assim, insistiu que pro homem doente seria um bom passatempo colecionar coisas, mesmo que não lhe restasse muito tempo pra isso... podia ser qualquer coisa que fosse velha e fosse barata e valesse a pena juntar em quantidade... assim, o homem resolveu colecionar amores que não tinha vivido. Cartas de amor que significadas e tendo o carimbo do correio, e tendo seus autores e leitores sido mortos por câmaras de gás, chicote no lombo, ou qualquer outro tipo de fatalidade humana, tivessem vivido seu tempo e registrado suas intenções de fornicação perpétua em bucólicas imagens sublimadas em cartas de amor... assim o homem doente terminal conseguiu juntar algumas, e antes de se cansar dessa sua ideia idiota que havia sido influenciada pelo velho médico estúpido de narinas entupidas que tinha interesse em coleção de selos, ele encontrou uma carta de amor de despedida. Os amantes se amavam. Os amantes se queriam muito e não ficava muito claro o motivo pelo qual se separariam, e diziam, que dali pra frente, caranguejo andava torto ou o amor mesmo é coisa que dá azia.... assim, se despediram, e sem demonstrar o menor remorso, assinavam, ADEUS... o homem doente leu a carta enquanto se limpava depois de uma cagada e pensava onde catalogaria tal carta de amor.... refletia sobre o grau amoroso que continha na carta e sofrendo de poderosa cólica, faleceu num banheiro público sem nunca ter escrito uma carta de amor sequer....