uma vez, um homem tentando chegar perto do sol, tendo feito asas para voar, e para tanto, colado as suas asas postiçadas com pequenos nacos de cera, caiu, em vertiginosa queda, depois de ter alçado vôo em direção de seu Sol, quente e fumegante, como todo o sol costuma ser... - asas, sendo o que são, coisas flutuantes como pensamentos, coisas plumosas como se fossesm realmente asas, mas sendo postiças, como barbas de profeta, como são as botas do Gato de Botas, e derretendo com o calor de seu objeto-Sol de desejo, ele caiu. Caiu como caem os cacarecos pensados para durar. Caiu como tudo o que sobe. Caiu como um quadril mole sobre um pesado supercazzolo do desejo. Caiu como caem as flores do Ipê Amarelo - espetáculo pros olhos - florescendo alegres, entre quedas e abraços...
- olho de ícaro debruçado sobre a cidade nua -
num nariz sangrado, de tantas quedas: o cheiro do Sol...
ela
solipsisando
o arqueduto
dentro da pele:
- segunda epiderme do prazer...
"um risco numa folha de papel:
um caminho
ou
um salto no abismo"
ÍCARO DESESPERADO - o que pensa ele enquanto cai?
(medir o tempo, possuir o barômetro da nossa alma, e ter um segundo antes de tudo pra negar o que dói...)
uma vez um anjo quebrou a asa e gemeu de dor - a família pediu reembolso postal para a igreja e curou a dor...
em algum lugar paradisíaco um homem dobrou certo seu pára-quedas e teve um final feliz...
ìcaro era grego e não entendeu direito os números romanos...
Contagem Regressiva: 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1...
- A pletitude das coisas na insuficiência do tempo -
...um broto de ipê-amarelo começou a germinar...
agora, faltam olhos
para olhar
m a i s
(a m o r o s a-
-m e n t e)