14.4.11

para F.

eleva-me do teu sal tímido num salto
rio abaixo dos graus das latitudes e das expectativas
pr'um protúbero ramificado da tua saliva:
sê breve no teu discurso - leve na queda e no abraço
leve na despedida onde pende o silêncio prenhe de outras medidas
sê leve na gravidade semovente da tua sempre ida
 - vela içada de um despetalar de pedras brancas -
multiplica a infinita imaginação do gesto quando a mão alcança
o infinito; um esboço fragrante - cheiro de que?
senão, quedarei velozmente no tempo
sim! leve como a queda de uma nau frágil
numa tormenta póstormentaprévia sempre atormentada
lançada no ar e recolhida pelo vento, pra depois
na hora do esquecimento; d'onde se pode recolher vieiras
se possa perder e se possa reencontrar
pra que se possa depois disso levar num salto
o gosto do teu sal tímido; e leve, tão leve quanto
o rosto de antes e o rosto de agora
corpo em mar aberto rebocado pelo tempo
tanto quanto o tempo leve; e esperar - garrafas ao mar!
que de lá sopre mais que vento.